A Pirâmide de Aprendizagem de William Glasser: Aumente Retenção de Conhecimento em 90%

25/10/2021
A Pirâmide de Aprendizagem de William Glasser: Aumente Retenção de Conhecimento em 90%
A Pirâmide de Aprendizagem de William Glasser: Aumente Retenção de Conhecimento em 90%

Descubra como a Pirâmide de Aprendizagem de William Glasser pode revolucionar seu processo de ensino e ajudar seus alunos a reter até 90% do conteúdo.

Neste artigo, falaremos sobre William Glasser e sua pirâmide de aprendizagem.

Por Robson Silva*

Todos sabemos que as crianças aprendem mais rápido quando lhes é oferecido um bom incentivo, sendo o brincar uma das melhores ferramentas para isso, no entanto, raramente respondemos a perguntas como Quais são as suas reais fontes de aprendizagem desde a mais tenra idade? Como eles aprendem? De quem eles aprendem?

A todas essas perguntas responde William Glasser, que se encarregou de desenvolver uma pirâmide na qual se possa observar de onde vem o conhecimento de todos os adultos, ou seja, serve para indicar como as crianças aprendem.


Quem foi William Glasser?

William Glasser nasceu em Ohio em 11 de maio de 1925, era um psiquiatra norte americano, que estudou a Teoria da Escolha e da Teoria da Realidade, também reconhecido por ter desenvolvido uma teoria de causa e efeito por meio da qual tentava explicar o comportamento humano.

William Glasser (1925-2013)
William Glasser (1925-2013)

Glasser estudou na Case Western Reserve University em Cleveland, Ohio, Estados Unidos, onde obteve o diploma de bacharel em ciências em 1945, mestrado em psicologia em 1948 e doutorado em medicina em 1953. Entre 1954 e 1957 ele foi residente em psiquiatria em na University of California em Los Angeles e no Los Angeles Veterans Hospital, obtendo assim em 1961 a especialidade de Psiquiatria.

Como psiquiatra, desenvolveu teorias baseadas na escolha pessoal e na transformação pessoal, que passaram a ser consideradas polêmicas no campo da psiquiatria. William Glasser também aplicou suas teorias a questões sociais mais amplas, como educação, casamento, administração e saúde mental como um problema de saúde pública; Ele também era conhecido por seus alertas sobre os perigos e contratempos produzidos por sua profissão.

Além de ser um psiquiatra praticante, ele é coautor e autor de vários livros relacionados a aconselhamento, saúde mental, melhoria escolar e ensino. Em 1967, ele fundou o Instituto de Terapia da Realidade, que rebatizou em 1994 como Instituto de Teoria do Controle, Terapia da Realidade e Qualidade Administrativa, mas acabou chamando-o de Instituto William Glasser em 1996.

"A boa educação é aquela em que o professor pede para que seus alunos pensem e se dediquem a promover um diálogo para promover a compreensão e o crescimento dos estudantes" (William Glasser)

A partir de seus estudos teóricos e práticos, William Glasser dedicou suas conclusões ao aprimoramento da aprendizagem. De acordo com suas teorias sobre a aprendizagem, a forma como a educação tem sido tradicionalmente compreendida sofre uma reviravolta devido ao surgimento de estímulos permanentes que chegam de diferentes direções.

Aprendizagem é o processo de aquisição de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes
Aprendizagem é o processo de aquisição de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes

Segundo Glasser, essa superestimulação exerce influência direta na forma como as novas gerações de seres humanos aprendem, ele considera que não é mais como antes de o aluno se sentar para ouvir o professor ou seguir suas recomendações sobre o que fazer, o que estudar ou fazer. para ler.

Este renomado psiquiatra considerou que hoje a informação flui por todas as áreas sociais do aluno, além de recarregar as mídias das tecnologias convencionais às modernas como os dispositivos móveis e a internet, que hoje se tornam fontes imediatas de conhecimento que entram na memória e sensibilizam os alunos.

Para que todos entendam claramente sua teoria, William Glasser decidiu criar uma pirâmide chamada " Pirâmide de Aprendizagem", na qual ele propõe um esquema por meio do qual os alunos podem entender como aprendem.


Pirâmide de Aprendizagem de William Glasser

A pirâmide de aprendizagem de William Glasser, também conhecida como cone de aprendizagem, é um modelo que retrata os diferentes níveis de dificuldade quando se trata de aprendizagem. Quanto mais alto na pirâmide, mais difícil é o nível de aprendizagem. O nível mais baixo, retenção, é o mais fácil de alcançar, enquanto o nível mais alto, criação, é o mais difícil

Em sua Pirâmide de Aprendizagem, William Glasser expõe em termos breves e facilmente verificáveis pela experiência quais são as maneiras mais eficazes de um aluno corrigir o conhecimento que recebe na escola, em casa ou na frente de um computador. De acordo com Glasser, os estímulos visuais, auditivos e emocionais se complementam para aprimorar o aprendizado.

Pirâmide de Aprendizagem na prática

De acordo com o psiquiatra americano, William Glasser este é o grau de aprendizagem que o nosso cérebro absorve em diversas maneiras diferentes
De acordo com o psiquiatra americano, William Glasser este é o grau de aprendizagem que o nosso cérebro absorve em diversas maneiras diferentes

Levando em consideração o que Glasser descreveu na Pirâmide de Aprendizagem, sua teoria pode ser explicada da seguinte forma:

  • 📘10% do que se lê é aprendido, ou seja, embora a leitura tenha múltiplos benefícios no desenvolvimento do intelecto e da criatividade, Glasser garante que na realidade você não aprende com o que lê, mas serve para desenvolver outras habilidades essenciais e facetas que estão intimamente ligadas à aprendizagem.
  • 🦻Aprendemos 20% do que se ouve, embora o sentido da audição seja essencial, a escuta ativa também é, ou seja, ouvir não é ouvir.
  • 👀Você aprende 30% do que vê, segundo Glasser a informação que entra pelos olhos é muito valiosa e deixa uma marca em nossa memória.
  • 🦻👀Aprende-se 50% do que se vê e se ouve, pois, a união dos dois sentidos melhora notavelmente a capacidade de aprendizagem. Glasser recomenda que o professor, além de dar a aula oralmente, acompanhe com imagens, para que seja menos difícil para os alunos assimilarem o conhecimento.
  • 🗣️Você aprende 70% do que discute com os outros, porque quando aprende a argumentar tem uma ferramenta essencial para a aprendizagem. Dialogar, falar, perguntar, enumerar, debater e raciocinar, defendendo uma posição e ouvindo a outra, contribui para a aquisição de novos conhecimentos e ao mesmo tempo desenvolve o pensamento crítico.
  • 🧪Você aprende 80% do que você faz, ou seja, você aprende com os erros, portanto, é imprescindível deixar a criança errar, descobrir, testar, analisar e se identificar, para que ela desenvolva autonomia e fortaleça sua autoestima, dessa forma ela será tentado a buscar novos conhecimentos.
  • 👩‍🏫Você aprende 95% do que é ensinado aos outros, porque as relações sociais são a base do aprendizado e você aprende a partir do momento em que consegue ensinar esse conhecimento a outras pessoas.

De acordo com o psiquiatra americano, William Glasser este é o grau de aprendizagem que o nosso cérebro absorve em diversas maneiras diferentes. 

Estrutura da Pirâmide: Níveis de Retenção

  1. Leitura (10%) – Uma abordagem passiva e, portanto, com baixa retenção.
  2. Escuta (20%) – Audições ou palestras têm um pequeno ganho em relação à leitura.
  3. Observação (30%) – Ver demonstrações pode ajudar a fixar mais informações.
  4. Discussão em Grupo (50%) – Interações ajudam a reter mais do que apenas ouvir ou ver.
  5. Prática (75%) – Praticar de forma ativa aumenta drasticamente a retenção.
  6. Ensinar aos Outros (90%) – A técnica mais poderosa segundo Glasser.

Como Aplicar a Pirâmide de Aprendizagem de Glasser no Ensino?

A chave é integrar métodos de aprendizado ativo. Professores podem encorajar debates, atividades práticas e permitir que alunos ensinem uns aos outros para garantir uma maior fixação de conteúdo. Por exemplo, uma aula sobre ciências pode incluir discussões em grupo, experimentos práticos e momentos onde os alunos compartilham o que aprenderam com a turma.

Com essa estrutura em mente, o papel do professor é incentivar métodos de aprendizado mais ativos, movendo os alunos dos níveis mais baixos para os mais altos da pirâmide.

1. Introduza a Leitura e a Audição de Forma Estratégica

Ver e ouvir para aprendizagem
Ver e ouvir para aprendizagem

A leitura e a audição são métodos de retenção com taxas mais baixas, mas isso não significa que devam ser ignorados. Use esses métodos para introduzir o conteúdo. Por exemplo:

  • Distribua materiais de leitura antes das aulas, para que os alunos se familiarizem com o conteúdo.
  • Use vídeos ou áudios para ilustrar conceitos complexos de forma mais acessível, especialmente para alunos que aprendem melhor através de narrativas.

Essas práticas preparam os alunos para atividades mais interativas, tornando o aprendizado mais gradual e eficaz.

2. Adicione Demonstrações Visuais para Aumentar a Compreensão

Aula de Ciências: uma experiência ao vivo pode ajudar os alunos a visualizar o conteúdo.
Aula de Ciências: uma experiência ao vivo pode ajudar os alunos a visualizar o conteúdo.

O próximo nível na pirâmide é o aprendizado visual. Use gráficos, vídeos, e demonstrações práticas para consolidar a compreensão:

  • Exemplos práticos: Em aulas de ciências, uma experiência ao vivo pode ajudar os alunos a visualizar o conteúdo.
  • Gráficos e infográficos: Em aulas de história ou geografia, gráficos e mapas tornam as informações mais tangíveis.

Essas ferramentas visuais capturam a atenção e facilitam a assimilação de conceitos complexos.

3. Promova Atividades que Combinem Ver e Ouvir

Aulas interativas com apresentações e vídeos explicativos
Aulas interativas com apresentações e vídeos explicativos

Para levar a retenção a um nível superior, crie atividades que combinem áudio e visual. Isso pode incluir:

  • Aulas interativas com apresentações e vídeos explicativos: Uma explicação verbal acompanhada por slides ou vídeos tem um impacto mais profundo.
  • Debates e discussões guiadas: Permita que os alunos expressem suas interpretações enquanto veem e ouvem contribuições dos colegas.

Essa abordagem amplia a capacidade de os alunos se lembrarem do conteúdo, pois utiliza múltiplos sentidos.

4. Incentive Discussões em Grupo

Divida os alunos em grupos para discutir temas específicos
Divida os alunos em grupos para discutir temas específicos

Discussões em grupo são altamente eficazes para consolidar o aprendizado. Elas não só promovem a troca de ideias, mas também ajudam os alunos a organizar e expressar seu entendimento.

  • Divida os alunos em grupos para discutir temas específicos e permita que compartilhem conclusões com a turma. Essa prática não só reforça a retenção, mas também melhora habilidades sociais e de comunicação.
  • Sessões de perguntas e respostas: Ao permitir que os alunos façam perguntas uns aos outros, você cria um ambiente de cooperação, onde o aprendizado é construído coletivamente.

5. Encoraje a Prática Ativa

Aulas práticas e laboratórios
Aulas práticas e laboratórios

Para subir mais na pirâmide, é crucial incluir atividades práticas. Quando os alunos praticam o que aprenderam, eles fixam o conhecimento de forma mais duradoura.

  • Aulas práticas e laboratórios: Em matérias como matemática, ciências ou artes, permita que os alunos pratiquem e experimentem. Em um laboratório de química, por exemplo, os alunos podem realizar experimentos para solidificar seu entendimento.
  • Simulações e dramatizações: Em aulas de história ou literatura, dramatizar eventos ou personagens ajuda os alunos a internalizar o conteúdo.

6. Incentive os Alunos a Ensinar

Apresentações em grupo
Apresentações em grupo

O topo da pirâmide, com 95% de retenção, é alcançado quando o aluno ensina o que aprendeu. Essa prática permite que eles revisem e aprofunde o conhecimento, ao mesmo tempo que aprimoram a habilidade de comunicação.

  • Apresentações em grupo: Permita que cada grupo ensine uma parte do conteúdo para a turma.
  • Mentoria entre pares: Alunos mais avançados podem ajudar os colegas com dificuldades, o que beneficia ambos.
  • Projetos em que o aluno apresenta uma aula ou ensina uma habilidade: Dar a responsabilidade de ensinar exige domínio do tema e favorece uma experiência de aprendizado mais ativa e completa.


Controvérsias e Críticas à Pirâmide de Aprendizagem de William Glasser: Evidências e Mitos

Apesar da popularidade e da adoção da Pirâmide de Aprendizagem em diversos contextos educacionais, alguns estudiosos levantam dúvidas sobre a confiabilidade de suas bases científicas e a validade de suas conclusões. O professor de psicologia da Universidade de Virgínia, Daniel Willingham, questiona, em um artigo publicado no blog da educadora Valerie Strauss para o Washington Post, os métodos utilizados na pesquisa original, especialmente quanto às variáveis e a condução dos testes que embasam os percentuais de retenção. Já Kåre Letrud, professor assistente de filosofia na Inland Norway University, na Noruega, chama atenção para a falta de evidências empíricas e o que considera ser a difusão de um mito sem fundamentação científica robusta. Ele aponta falhas metodológicas e a ausência de resultados replicáveis como aspectos críticos. Assim, muitos especialistas alertam que não há provas suficientes para afirmar que a teoria de Glasser reflete fielmente o processo de retenção de aprendizado, tampouco que os percentuais divulgados sejam aplicáveis a todas as situações. 


Benefícios Comprovados da Aprendizagem Ativa

Aplicar a Pirâmide de Aprendizagem pode aumentar significativamente a retenção de informações, melhorar o desempenho acadêmico e até contribuir para um ambiente de aprendizado mais colaborativo. Com esses métodos, os estudantes não apenas memorizam, mas realmente compreendem e aplicam o que aprendem.

A Pirâmide de Aprendizagem de William Glasser oferece insights poderosos sobre como as abordagens ativas podem levar ao aprendizado profundo e duradouro.

Então, para quem me pergunta sobre qual a melhor maneira para se tornar excepcional na sua área de atuação a resposta é: Compartilhe conhecimento, ensine outras pessoas.


*Possui graduação em Pedagogia pelo Centro Universitário Fundação Santo André (2002). Pós-graduado em Gestão Escolar Pelo Centro Universitário SENAC e especialização latu sensu em gestão, planejamento, implementação da Educação a Distância pela UFF (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE). Atualmente é Diretor de Escola da Rede Municipal de Educação de São Paulo. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino-Aprendizagem, atuando como Coordenador Pedagógico e Professor de Ensino Fundamental I tanto nas Rede de Ensino de São Paulo/SP como de Diadema/SP. E-mail: [email protected]


Referências

SILVA, F. L.; MUZARDO, F. T. Pirâmides e cones de aprendizagem: da abstração à hierarquização de estratégias de aprendizagem. Dialogia, São Paulo, n. 29, p. 169-179, mai./ago. 2018.

Strauss, V. (2014, January 27). How do we know what/when young kids are ready to learn? The Washington Post. Recuperado de https://www.washingtonpost.com/news/answer-sheet/wp/2014/01/27/how-do-we-know-whatwhen-young-kids-are-ready-to-learn/ em 01/11/2024