Magda Becker Soares morre aos 90 anos

01/01/2023
Magda Soares - Créditos da foto: Manuela Peixoto | Ceale/UFMG
Magda Soares - Créditos da foto: Manuela Peixoto | Ceale/UFMG

Morreu na madrugada de domingo 01 de janeiro de 2023, a professora emérita da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Magda Becker Soares, uma das idealizadoras da Faculdade de Educação da Universidade, FaE, e do Centro de Estudos de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), criado por ela em 1990. Aos 90 anos, estava aposentada da UFMG desde 2000, mas seu trabalho com a educação nunca parou - ela sempre se manteve ativa. 

Professora Magda Soares é referência em alfabetização e letramento

Magda vinha lutando contra as graves consequências da metástase de um câncer antigo há cerca de um mês. Ela estava sendo cuidada em casa. Seu corpo foi cremado, em cerimônia restrita à família. 

Alfabetização e Letramento

Educadora e pesquisadora, doutora em Educação e graduada em Letras, assina uma longa lista de livros. São 12 publicações, destacando-se os livros didáticos de língua portuguesa, amplamente utilizados nas décadas de 1970 a 1990. Professora, referência nacional da alfabetização infantil, autora e figura marcante na história da educação.

Magda Soares tem frases e citações voltadas para a educação que são inspiradoras até hoje.

As frases e citações de Magda Soares são uma verdadeira fonte de inspiração. Isso porque ela é uma das maiores autoridades em analfabetismo no Brasil. 

Ela se concentra no ensino de português, enfatizando a importância do aprendizado do sistema de escrita por meio de regras gramaticais e compreensão da leitura e escrita de textos.

"Talvez há 30, 50 anos se lesse mais e melhor livros, revistas, jornais... Atualmente, esses portadores de texto em papel enfrentam a concorrência de portadores de texto em telas (TVs, computadores, celulares, jogos digitais), que também pedem leitura. Se considerarmos a multiplicação, nas últimas décadas, de textos, portanto, de propostas de leitura, em numerosos contextos sociais, sob diferentes formas e suportes, talvez se possa dizer que hoje se lê mais. Resta discutir se podemos lamentar que essas novas propostas de leitura estejam afastando as pessoas da leitura no papel. O uso do verbo 'lamentar' revela um juízo de valor que eu faço, e muitos também fazem";

"Aprender a ler significa apropriar-se de um objeto linguístico - a língua escrita - complexo, bem como abstrato. Por isso é que ensinar a ler exige ter conhecimentos de natureza linguística sobre este objeto de conhecimento, a língua escrita - por exemplo, conhecimentos de fonologia, ortografia, das estruturas silábicas do português -, e conhecimentos de natureza psicológica - por exemplo, da psicogênese da língua escrita, da psicologia cognitiva, da psicologia do desenvolvimento";

"A leitura digital é mais fácil e mais rápida, porque os textos devem ser, por natureza, breves (estou excluindo a leitura de informações buscadas na internet, de livros, jornais, revistas em tela), e isso vem criando uma certa impaciência dos jovens na leitura de textos mais longos, que demandam mais tempo e mais reflexão, com evidentes implicações para a formação de leitores atualmente";

"O problema não é o método de alfabetização, é alfabetizar sem método";

"As camadas populares têm que lutar muito contra a discriminação e a injustiça. Alfabetização e letramento têm esse objetivo: dar às pessoas o domínio da língua como instrumento de inserção na sociedade e de luta por direitos fundamentais";

"A arma social de luta mais poderosa é o domínio da linguagem";

"Esse é o problema da educação brasileira: busca-se resolver apenas a quantidade de carteiras nas salas de aula. Fica faltando a qualidade do ensino e, portanto, de aprendizagem".


Em 2017 recebeu um dos prêmios mais prestigiados do mercado editorial brasileiro. Seu livro Alfabetização: A Questão dos Métodos (Editora Contexto) conquistou o primeiro lugar na categoria Livros de Educação e Pedagogia do 59º Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, e foi reconhecido como o melhor livro do ano na categoria não ficção. Leia aqui um trecho do livro

Fonte: Site UFMG Comunicação

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