Principais teorias e métodos de Alfabetização
Por Robson Silva*
Aprender a ler e escrever desvenda um mundo de oportunidades para as crianças. Através da magia das palavras, elas exploram, ganham autonomia e abraçam a liberdade de expressar seus pensamentos. Quando o jovem embarca na jornada da alfabetização, o olhar sobre o mundo se transforma completamente.
Nesse estágio crucial do desenvolvimento infantil, há uma ampla gama de métodos e abordagens que podem garantir o sucesso da alfabetização.
A participação ativa dos pais e cuidadores é fundamental nesse processo. A observação atenta do progresso dos pequenos é essencial. A alfabetização pode começar nos primeiros anos de vida, inclusive em casa, através de brincadeiras criativas.
Aqui, vamos explorar os principais métodos de alfabetização e como eles funcionam.
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Os métodos de alfabetização têm variado ao longo do tempo. Eles podem ser classificados em duas principais tendências: o método sintético e o método analítico.
- Os métodos sintéticos são aqueles que começam a partir dos mais simples elementos do idioma (A letra ou a sílaba) para construir palavras e frases.
- Os métodos analíticos, por outro lado, seguem o processo oposto. Ou seja, partem da frase ou palavra para chegar à sílaba e à letra. Ambos os métodos têm tido e ainda têm várias variantes.
Por último, existe é o misturado variante, que é uma combinação dos analíticos e sintéticos métodos.
A) Os métodos Sintéticos partem do elemento mais simples da linguagem escrita, a letra. Eles podem ser grafemáticos ou fonéticos.
As abordagens grafemáticas partem do símbolo gráfico da letra, da representação da letra escrita: m, s, r ... E do seu nome: em, ess, ar, etc. A letra é reconhecida e memorizada por meios de repetição escrita com diferentes exercícios visuais e psicomotores. Combinando letras com vogais; sílabas, palavras e, finalmente, frases são formadas. Um dos maiores problemas com esse tipo de método é que os sinais não são muito significativos, ou mesmo nada têm. Eles exigem um enorme esforço de memória e muitas vezes levam à confusão na leitura quando as letras são colocadas juntas.
As abordagens fonéticas começam a partir das letras fonema (som que produz) ' rrr, sss " e, em seguida, conecte -as com vogais para formar sílabas. Alunos geralmente começam por aprender as vogais e, em seguida, são introduzidas gradualmente para as consoantes, de acordo com o seu nível de dificuldade. Alguns desses métodos incluem alguns aspectos significativos, como o uso de imagens como suporte. Por exemplo, a letra r s pode ser acompanhada por uma cobra ( som de ' sss ' ).
B) Os métodos analíticos partem de frases ou textos, ou seja, de unidades de significado que se subdividem em seus componentes mais simples, as letras.
C) Os métodos analítico-sintéticos partem da palavra, que fica a meio caminho entre a frase e a letra. A abordagem mais conhecida é a dos temas geradores de Paulo Freire. Esse método parte de palavras que pertencem ao universo temático dos educandos, elas devem ser ansiosas (e desafiadoras, dizia Freire) para que nos conduzam a uma leitura do mundo. Essas palavras são decompostas em sílabas (método analítico) e, por meio da combinação das sílabas, novas palavras são formadas (método sintético). Além disso, os temas generativos costumam ser acompanhados por imagens como suporte mnemônico.
Método Alfabético (ou Soletração)
Este é um dos métodos mais antigos e tradicionais. Seu objetivo principal é ensinar a criança as letras do alfabeto, sua ordem e a habilidade de soletrar.
Recorre a técnicas que ajudam o aluno a associar o nome da letra à sua forma visual e ao som que ela faz em palavras.
As crianças começam com sentenças curtas e gradualmente avançam para histórias completas. Elas soletram sílaba por sílaba até desvendar a palavra por completo.
Por exemplo, para a palavra "casa", o processo seria assim: c, a, ca, s, a, sa, casa. O método alfabético frequentemente faz uso de cartilhas.
Este método é dinâmico, centrando-se na exploração lúdica das relações entre sons e letras, ajudando as crianças a transformar a fala em escrita e a compreender a escrita em termos de fala e pensamento.
Método Fônico
O método fônico baseia-se na alfabetização por meio dos fonemas, começando com os sons mais simples, como as vogais, e avançando para os mais complexos, como as consoantes. Em seguida, as sílabas e palavras são formadas.
Ele surgiu como uma alternativa ao método da soletração ou alfabético. Aqui, cada letra é ensinada como um fonema que, quando combinado com outros, forma sílabas e palavras.
Normalmente, o primeiro passo é apresentar as 26 letras do alfabeto, muitas vezes começando com as vogais. Algumas abordagens associam uma imagem e som a cada letra, enquanto outras preferem contar histórias envolventes.
Depois disso, os alunos aprendem a combinar letras para formar sílabas e palavras, tornando o processo bastante dinâmico.
Método Silábico
Este método se concentra nas sílabas formadas por uma consoante e uma vogal, progredindo gradualmente para sílabas mais complexas. Os professores ensinam famílias silábicas, muitas vezes usando desenhos ou palavras-chave como auxílio.
O método silábico é sintético, começando com unidades pequenas e avançando para unidades mais complexas. Ele utiliza sílabas como unidades básicas individuais e, posteriormente, explora os sons individuais das letras.
Palavração
O método da palavração ensina as crianças a reconhecerem visualmente palavras completas sem a necessidade de dividi-las em sílabas ou letras. Geralmente, grupos de palavras são apresentados e os alunos tentam identificar seus padrões visuais.
Essa abordagem muitas vezes usa cartões com palavras de um lado e imagens do outro, além de exercícios para praticar a escrita de cada palavra.
Sentenciação
O método de sentenciação visa ensinar o significado completo das palavras por meio de frases. Os alunos precisam entender o contexto de uma sentença antes de analisar as palavras e as sílabas que a compõem.
Essa abordagem enfatiza a compreensão global das frases antes de desmembrá-las em palavras e, finalmente, em sílabas. Os alunos podem comparar palavras e isolar elementos reconhecíveis para ler e escrever novas palavras.
Método Global
O método global incentiva os alunos a observarem um texto por um período para memorizar e compreender o sentido geral. Em seguida, eles analisam as sentenças, as palavras e as composições silábicas. Essa abordagem geralmente está ligada a contos e histórias.
Ele parte do princípio de que as crianças percebem o mundo e a linguagem como um todo. Portanto, a leitura é vista como uma atividade de interpretação de ideias, e a análise das partes é adiada para um estágio posterior.
Começa-se pelo texto, e somente depois que os alunos estão imersos na história é que ele é desmontado em frases e palavras, para que as crianças identifiquem as partes que o compõem.
Aprendizagem e alfabetização significativas
Hoje, a maioria das tendências educacionais advoga a importância da aprendizagem significativa. Ou seja, que deve haver uma possível associação entre o que o aluno já sabe e as novas informações. Se observarmos os métodos apresentados acima, devemos ter em mente que são métodos concebidos para pessoas que estavam sendo alfabetizadas em sua língua materna. Isso significa que os alunos tinham conhecimento prévio do significado das palavras que estavam aprendendo a ler e escrever, uma vez que conheciam a língua oral. Uma vez que eles foram capazes de identificar fonemas e relacioná-los a um conceito, eles poderiam facilmente estabelecer uma relação direta entre significante e significado.
Ao mesmo tempo, para facilitar a aprendizagem significativa da língua como um todo, devemos também empregar um método que tente responder às necessidades comunicativas das pessoas que a aprendem, ou seja, a língua escrita em seus usos sociais.
Como para escolher um método?
A partir das experiências compartilhadas por os professores participam no projeto, mais de eles concordam sobre a necessidade de usar um método eclético que abrange o uso das diferentes teorias existentes. Dependendo das competências e aspectos que querem para o trabalho em na sala de aula, que vai gerar atividades com base no que nós consideramos ser a melhor resposta para as necessidades dos estudantes. Lembrando que sempre devemos partir da premissa de que a aprendizagem deve ser sempre:
- Significativa e que atenda às necessidades e interesses dos alunos.
- Centrada no aluno de modo que a metodologia seja a que melhor promova o avanço da sua aprendizagem. Por exemplo, atividades que ajudem o aluno Silábico-alfabético a superar as dificuldades típicas desta fase.
- Envolvente, por meio do incentivo à interação e participação entre iguais.
- Personalizado e ajustado para as específicas necessidades de cada pessoa. Por exemplo, alfabetizar alunos da EJA e do Ensino Fundamental regular requerem ajustes na abordagem e nas atividades, embora todos passem pelas mesmas fases descritas na Psicogênese da Língua Escrita.
Práticas de Alfabetização do programa Tempo de Aprender do Ministério da Educação (MEC)
O Governo Federal, por meio do Ministério da Educação (MEC), publicou o Livro de Atividades e o Livro do Professor Alfabetizador no âmbito do curso Práticas de Alfabetização do programa Tempo de Aprender.
Baixe o Livro do Professor Alfabetizador.
*Robson Silva é professor e possui graduação em Pedagogia pelo Centro Universitário Fundação Santo André (2002). Pós-graduado em Gestão Escolar Pelo Centro Universitário SENAC e especialização latu sensu em gestão, planejamento, implementação da Educação a Distância pela UFF (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE). Atualmente é Diretor de Escola da Rede Municipal de Educação de São Paulo. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino-Aprendizagem, atuando como Coordenador Pedagógico e Professor de Ensino Fundamental I tanto nas Rede de Ensino de São Paulo/SP como de Diadema/SP. E-mail: [email protected]
Referências
Assessoria de Comunicação Social do MEC: Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/noticias/mec-lanca-livros-do-curso-praticas-de-alfabetizacao
MORTATTI, M. R. L. História dos métodos de Alfabetização no Brasil. Brasília: Ministério da Educação (MEC), 2006. Disponível em:
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