Quem foi Virgínia Leone Bicudo psicanalista negra pioneira
Quem foi Virgínia Leone Bicudo, psicanalista negra pioneira?
Virginia Leone Bicudo foi uma psicanalista brasileira, nascida em São Paulo. Foi uma das primeiras mulheres negras a se formar como psicanalista no Brasil. A psicóloga também foi uma das fundadoras da Associação Brasileira de Psicanálise de São Paulo (ABRAPSI). Bicudo nasceu na cidade de São Paulo, filha de Theofilo Bicudo, descendente de africanos escravizados que sonhava em ser médico, e Giovanna Leone, imigrante italiana que trabalhava como empregada doméstica. Estudou na Escola Normal Caetano de Campos, também na capital paulista, e foi a única mulher a obter o bacharelado em ciências sociais na Escola Livre de Sociologia e Política, em 1938, onde conheceu o sociólogo Florestan Fernandes. Em 1940, Bicudo concluiu o curso de psicologia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. Ainda na USP, em 1942, conheceu o psicanalista paulista Horácio Figueiredo, com quem estudou a teoria de Sigmund Freud. Bicudo iniciou sua carreira como psicóloga no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo, em 1943.
Em 1946, ela foi convidada a participar do primeiro Congresso de Psicanálise de São Paulo, organizado por Horácio Figueiredo, onde conheceu o psicanalista francês Jacques Lacan. Em 1947, Bicudo se formou como psicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise (SBP), tornando-se a primeira mulher negra a se formar como psicanalista no Brasil. A partir de então, ela começou a escrever artigos para a revista Psicanálise, publicada pela SBP. Em 1949, Bicudo participou do segundo Congresso de Psicanálise de São Paulo, onde apresentou o artigo "A questão racial na psicanálise". No mesmo ano, ela foi convidada a participar da fundação da ABRAPSI, tornando-se a primeira mulher negra a fazer parte da associação. A partir de então, Bicudo tornou-se uma figura proeminente na psicanálise brasileira, participando ativamente das discussões teóricas e clínicas da associação.
Em sua obra, Bicudo abordou questões como o racismo, a exclusão social e a violência. Sua contribuição para a psicanálise brasileira é considerada fundamental para o entendimento da psicanálise como um instrumento de luta contra as desigualdades sociais. Bicudo faleceu em São Paulo, em 2003, aos 93 anos.
SOBRE A AUTORA:
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. Virgínia Leone Bicudo: a trajetória de uma psicanalista brasileira. São Paulo: Arte & Ciência, 2010.
GOMES, Janaina Damaceno. Os Segredos de Virgínia: estudos de atitudes raciais em São Paulo (1945-1955). 166 f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.
Maio, Marcos Chor. Educação sanitária, estudos de atitudes raciais e psicanálise na trajetória de Virgínia Leone Bicudo. Cadernos Pagu (35), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2010, pp. 309-355.
VIRGÍNIA LEONE BICUDO - Por Marcos Chor Maio (FIOCRUZ): https://www.sbsociologia.com.br
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